quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Bicicleta Amarela



Todo os dias , após o término de suas atividades diárias , por volta do entardecer Alice pegava sua bicicleta amarela e corria rapidamente em direção ao parque dos pinheiro que ficava no final do vilarejo. Lentamente , virava-se em mais ou menos noventa graus e assim , os seus longos e molhados cabelos dançavam junto com o balé dos ventos... e assim , ela prosseguia , ao ermo , obsoleta e profundamente sozinha , em direção ao despenhadeiro que tornara-se durante muito tempo o 'seu' lugar. A cada dia que se passava , a distancia entre ela e o despenhadeiro , que terminava em uma imensidão marinha, diminuía apressadamente.
Após mais ou menos dois dias , em sua corriqueira pedalada , a velocidade das pernas aumentaram , os noventa graus transformaram-se em cento e oitenta , e a música proveniente da dança dos ventos não era mais ouvida ... e enfim , após três minutos , Alice desce bruscamente da sua bicicleta amarela , fitando-a pela ultima vez e enfim respira fundo , afasta-se do despenhadeiro e corre o mais rápido que pode , e por fim , como uma folha seca que caí da árvore na estação do outono , ela parte para o destino que lhe foi traçado , e agora só se ouve o barulho forte do corpo caindo na água , pesado pela dor e pelos sentimentos acorrentados durante anos que nunca permitiram-na ser quem ela realmente era. 

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