sábado, 4 de janeiro de 2014

Dopados e acompanhados.

Poucas vezes eu pude experimentar os chamados "prazeres da carne" , mas definitivamente hoje , será o dia em que eu o farei. Não sinta-se preocupado com o que farei ou algo parecido , só sente , respire e espere as coisas acontecerem.
Já são oito da noite e eu ainda permaneço em frente ao espelho do quarto de hotel. Quase todas as vezes a dúvida e a tristeza assolam a minha mente só de pensar que sairei para fora do quarto. " Hoje será um dia diferente ! Você conhecerá novas pessoas e fará coisas que jamais fez , então trate de vestir-se e sair agora mesmo."  - essa é a acusação da minha consciência . Respiro fundo e entro na banheira. A água quente permeia todo o meu corpo agora , e me faz esquecer um pouco de tudo; lentamente , mergulho na água transparente . Fecho os olhos e tapo o nariz e a boca ; para quê isso ? .eu não sei  , só sei que o faço , penso eu que seja para mergulhar-me profundamente nas minhas lembranças. Após três minutos , levanto e saio do banho enrolada em uma grande e macia toalha branca de hotel. Ao som do meu silêncio , enxugo todo o meu corpo lentamente. Caminho em direção ao guarda-roupas e pego um vestido azul de alça - algo definitivamente estranho , pois quase nunca eu uso alças - e visto sobre o meu cansado corpo branco; calço minha sapatilha preta e sacudo o meu curto cabelo preto." É, acho que isso já basta." penso com total desprezo próprio. 
Respiro fundo mais uma vez e olho-me no espelho que fica no corredor do quarto . " Não vai ser nada demais Kath , só tente algo diferente , se não gostar , pode voltar para o quarto" ouço mais uma vez minha amiga consciência falar-me .
Caminho pelo longo campo do hotel até chegar ao meu "destino". Encontro a grande casa branca e já posso ouvir de longe o barulho de música eletrônica pelos ares. Aproximo-me do local e abro a porta . Local escuro , muito barulho e várias luzes coloridas dançam pelas paredes. " Eu preciso sair daqui" penso novamente. Mas ao invés disso , entro e sento-me no balcão aonde logo peço um copo de vodka com suco de laranja e calda de morango ; isso é totalmente desconhecido para o meu corpo mas mesmo assim , se quisesse permanecer ali e tentar ser um pouco divertida , isso me ajudaria. Tomo o primeiro , o segundo , o terceiro , o quarto ... e agora já no quinto copo , alguém toca no meu ombro , nunca vi na minha vida , e me chama para dançar. Algo extraordinário , creia. Então eu permaneço ali durante quatro horas , com um desconhecido e vários copos de vodka. Penso que quase todos os dias vivemos isso , não literalmente , mas de certa forma , sim. Dopados pela venda invisível que fica nos nossos olhos. Dopados pelas tristezas e pelo querer que muitas vezes não conseguimos , ou que quase sempre é sonhado por outro alguém. Acompanhados, por desconhecidos , por seres humanos que não passam de penumbra em nossas vidas. 
E pode acreditar , se você vivesse todos os dias como esse que estou vivendo agora , não soaria nem um pouquinho , diferente.