Caminho até o centro do salão. Longos vestidos e misteriosos sorrisos são vistos por todo salão principal do Louvre. Ouvimos o som que a crina transmite ao entrar em contato com as frágeis cordas do violino, anunciando então, o início da valsa. O som do cravo entretanto, soa o mais agradável possível, pelo menos para os meus jovens ouvidos.
Não sou a mais bela de todas neste salão mas ainda assim, possuo o meu velho e amado Augusto por perto. O seu olhar é relativamente retraído. Possuí uma bela altura invejável e um erudito porte francês. Não nos casamos ainda e para ser sincera, não sei se ele fará o pedido.
Muitas feições e sons são perceptíveis nesta tarde de domingo. Todas felizes e relativamente despojadas.
Mas no meio de todo este emaranhado, nota-se uma cena incomum. Logo na minha frente, em direção a linha esquerda dos meus olhos, avisto uma linda moça sentada em um banco verde. Não é qualquer uma. Está sendo cortejada. Mas não qualquer cortejo como costumo receber.Ela possuí um delicado sorriso amoroso ao olhar para o amado a sua frente.
Com seus cabelos loiros e boca rosada, transparece mistério, amor e felicidade , todas juntas em uma só cena.
Sua mãe - suponho - está ao seu lado. Vestida com um longo vestido preto, demostra o dobro da felicidade de sua filha, que apenas aproveita o momento supostamente esperado.
Imagino tudo que possa estar passando na mente daquela delicada donzela. Amor , tristeza , ódio , satisfação , qual deles ?
Espero que sejam os de beleza e positividade.
E então, olhar rapidamente para o rosto das outras mulheres do salão, percebo que todas elas , sem exceção , fixam seus olhares e suas apostas para aquela garota desconhecida.
Todos aqueles detalhes eram magicamente incríveis. Mas nada daquele momento me pertencia. Somente um atributo: a percepção , e é ela que tornam as pessoas diferentes das outras. A percepção aguçada da vida é o que diferencia um ser humano de um artista humano. A percepção.