quinta-feira, 6 de março de 2014

Ópera dos desafortunados.



Leia ouvindo a 5ª sinfonia de Brahms 3º movimento. (http://www.youtube.com/watch?v=x1gbI5wFqgA)

O vento corrói a persiana branca.
O teu sussurro é a harmonia desta sinfonia. 
Toda esse barulho me consome cautelosamente.
Será que sou afortunada ?
Essa é a sua consciência.


O fechar de olhos conduz a ópera.
Que é maravilhosamente infinita.
Esconderijo.
O rosto é tomado.
Por deliciosas lágrimas vermelhas.


Esconderijo.
Afortunada?
A tua consciência.
Esconderijo.
Desafortunada. 
A verdade vem jantar conosco ?
Esconderijo.


Amar-te-ei.
Esse esconderijo desafortunado.
A tua consciência.
Essa é a ópera dos desafortunados.
E eu , filha do zodíaco, a solista.

Esconderijo.
Você é o afortunado.



terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Pássaro ferido.

   
Sombras descem do céu 
Beijam o meu corpo branco de forma deliciosa.
Sinto-me presa a essa escuridão.
Que maliciosamente acorrenta meus semelhantes.

A minha goela já está entupida.
Vocês não percebem isso ?
Não possuem visão.

As correntes são de ferro.
Mas não de titânio.


Estralos são ouvidos.
Sua origem é desconhecida.
Eu já os ouvi antes.

As asas brotam.
E pássaros nascem.
Metamorfose.
Sou um pássaro ferido.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Tome um trago de percepções.


Caminho até o centro do salão. Longos vestidos e misteriosos sorrisos são vistos por todo salão principal do Louvre. Ouvimos o som que a crina transmite ao entrar em contato com as frágeis cordas do violino, anunciando então, o início da valsa. O som do cravo entretanto, soa o mais agradável possível, pelo menos para os meus jovens ouvidos.
Não sou a mais bela de todas neste salão mas ainda assim, possuo o meu velho e amado Augusto por perto. O seu olhar é relativamente retraído. Possuí uma bela altura invejável e um erudito porte francês. Não nos casamos ainda e para ser sincera, não sei se ele fará o pedido.

Muitas feições e sons são perceptíveis nesta tarde de domingo. Todas felizes e relativamente despojadas.
Mas no meio de todo este emaranhado, nota-se uma cena incomum. Logo na minha frente, em direção a linha esquerda dos meus olhos, avisto uma linda moça sentada em um banco verde. Não é qualquer uma. Está sendo cortejada. Mas não qualquer cortejo como costumo receber.Ela possuí um delicado sorriso amoroso ao olhar para o amado a sua frente.
Com seus cabelos loiros e boca rosada, transparece mistério, amor e felicidade , todas juntas em uma só cena.
Sua mãe - suponho - está ao seu lado. Vestida com um longo vestido preto, demostra o dobro da felicidade de sua filha, que apenas aproveita o momento supostamente esperado.

Imagino tudo que possa estar passando na mente daquela delicada donzela. Amor , tristeza , ódio , satisfação , qual deles ? 
Espero que sejam os de beleza e positividade. 

E então, olhar rapidamente para o rosto das outras mulheres do salão, percebo que todas elas , sem exceção , fixam seus olhares e suas apostas para aquela garota desconhecida.

Todos aqueles detalhes eram magicamente incríveis. Mas nada daquele momento me pertencia. Somente um atributo: a percepção , e é ela que tornam as pessoas diferentes das outras. A percepção aguçada da vida é o que diferencia um ser humano de um artista humano. A percepção.

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014


Ouço o som da risada das nuvens.
As suas formas são seletivas,
E o céu sente ciúmes de mim.
"Feições assustadoras."
A música que ecoa nos meus ouvidos permeia cada neurônio.

Sim , essa  janela é bondosa.
E as expressões vistas daqui de cima são assustadoras.
Agora, as nuvens sussurram palavras de amor.
Mas estas nunca são ouvidas.
Eu, ao contrário , sinto pena dessas minhas amigas nuvens.

O movimento mistura as feições.
Você é uma vela.
"Feições assustadoras."

O mar sempre me diz adeus.
Ele vai . Mas ele sempre volta.
E você ? Ah , és uma vela.

Enterro-me neste banco público.
As nuvens choram.
Nunca são notadas.

"Feições assustadoras."
Tornam-se mentirosas.

Olhos fechados.
Barulho. Barulho.
Por que ninguém escuta ?
Barulho. Barulho.

Digo adeus as minhas amigas.
"Feições assustadoras."
Barulho. Silêncio.



quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Descobertas do dia 23 de janeiro.

Olá , pessoal ! Hoje foi um dia bem atípico para mim . Com uma rara exceção fiz algo que realmente queria. Mas enfim , isso não importa agora não é ?
Hoje a noite encontrei algumas coisas um tanto que interessantes na internet. Coisas que me fizeram respirar e dizer: " Nossa , como nunca tinha visto isso ?"

1 descoberta : A primeira delas foi o começo de um livro publicado em um site que eu ainda não consegui me cadastrar. Mas algo simplesmente maravilhoso! Totalmente íntimo e digno de mérito. O que mais me deixou irritada é que a escritora usa um pseudônimo então , não conseguirei achá-la tão cedo. Mas prometo-lhes que se a achar falo para vocês. 

Aqui está o site que contém o começo dessa maravilha. 

maravilha. http://fanfiction.com.br/historia/462921/Trama_de_Marrie/

2 descoberta:   Essa foi quando estava fazendo aquela velha passeada diária no youtube e acabei achando esse álbum ótimo - pelo menos eu gostei bastante - e que me parece uma mistura de música eletrônica com rock.


3 descoberta :  Esse foi logo a pouco. Estava pesquisando no google a respeito da arte mórbida - arte é algo impressionante - e encontrei esse blog ou site , não sei ao certo , com muitos trabalhos ótimos e admiráveis. 


















                                                                 Link do blog :
                       
                              http://lizacorbett.com/131535/1210227/drawings/the-deadlock-sisters

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Cheire a nostalgia.


                                                    Estou agarrada a essa nostalgia.
Sinto o cheiro da chuva entranhar em minhas defeituosas narinas. A sua ausência instiga os soluços agora soltos. Fecho os olhos e tento agarrar a melhor lembrança existente. Tudo bem. Eu sei que ela só possuí significado para mim , mas isso pouco me importa agora, afinal , eu a tenho.
Seguro dentro dos meus olhos todas as lágrimas que insistem em dançar para fora dos meus olhos castanhos. Desde o dia que a minha sensibilidade tornou-se um argumento para o seu desprezo, eu nunca mais as soltei. 
Mas mesmo assim , ainda estou agarrada a essa nostalgia.
Ela exala um cheiro doce em minha mente. O cheiro de nuvem. O cheiro de água. 
Ainda estou agarrada a essa nostalgia.
Sei que a rainha de copas tomou a sua mente. E o seu controle já não o pertence.
Por isso eu fecho os olhos. Paro. Fico. E sinto o cheiro dessa nostalgia.
Pensei que ela seria doce. É... doce feito as nuvens que compro no parque.
Mas infelizmente o sal foi colocado em maior quantidade.
A sua consciência de rainha de copas entranhar-se-á na minha.
E essa palavra tão doce , mas ao mesmo tempo tão amarga , não será mais pensada.
Estou agarrada a essa nostalgia.
O som da chuva acompanha o da tua voz.
Esse cheiro, faz-me ébrio até o instante seguinte.
O desejo me acompanha e ele espantará a sua consciência de rainha de copas.
Estou soltando essa nostalgia.

A nostalgia do chapeleiro maluco .


Nostalgia é o prato principal
Lágrimas tomam a forma do nosso vinho.
Os talheres brilhantes conseguem refletir.
A imagem que conseguiu de uma vez por todas fugir.

Sei que esse tempo não é a eternidade.
Mas a sua duração está quase lá.
O infinito ?
Ah , ele foi junto com você.

A sua consciência é a rainha de copas.
E eu nem sequer tenho o chapeleiro como amigo.
Mas o coelho, as vezes, aparece.

Já estou faminta novamente.
O sulco ainda permanece.
Será ?
O infinito .

Engraçado , o vinho ainda não acabou.
Mas eu já o bebi mais de dez vezes.

Há beleza nisso tudo ?
Nem eu sei.
Mas a comida não me caiu bem.

É. 
Só resta eu.
Esse prato.
Esse vinho.
E essa consciência de chapeleiro.



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